Quando
considero a brevidade da vida, dolorosamente me impressiona a incessante
preocupação de que é para vós objeto o bem-estar material, ao passo que
tão pouca importância dais ao vosso aperfeiçoamento moral, a que pouco
ou nenhum tempo consagrais e que, no entanto, é o que importa para a
eternidade. Dir-se-ia, diante da atividade que desenvolveis, tratar-se
de uma questão do mais alto interesse para a humanidade, quando não se
trata, na maioria dos casos, senão de vos pordes em condições de
satisfazer a necessidades exageradas, à vaidade, ou de vos entregardes a
excessos. Que de penas, de amofinações, de tormentos cada um se impõe;
que de noites de insônia, para aumentar haveres muitas vezes mais que
suficientes! Por cúmulo de cegueira, freqüentemente se encontram
pessoas, escravizadas a penosos trabalhos pelo amor imoderado da riqueza
e dos gozos que ela proporciona, a se vangloriarem de viver uma
existência dita de sacrifício e de mérito — como se trabalhassem para os
outros e não para si mesmas! Insensatos! Credes, então, realmente, que
vos serão levados em conta os cuidados e os esforços que despendeis
movidos pelo egoísmo, pela cupidez ou pelo orgulho, enquanto
negligenciais do vosso futuro, bem como dos deveres que a solidariedade
fraterna impõe a todos os que gozam das vantagens da vida social?
Unicamente no vosso corpo haveis pensado; seu bem-estar, seus prazeres
foram o objeto exclusivo da vossa solicitude egoística. Por ele, que
morre, desprezastes o vosso Espírito, que viverá sempre. Por isso mesmo,
esse senhor tão animado e acariciado se tornou o vosso tirano; ele
manda sobre o vosso Espírito, que se lhe constituiu escravo. Seria essa a
finalidade da existência que Deus vos outorgou? — Um Espírito Protetor.
(Cracóvia, 1861.)
(Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVI, item 12.)
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