Meus irmãos, amai os órfãos! Se soubésseis
quanto é triste estar só e abandonado, sobretudo quando criança! Deus
permite que existam órfãos, para nos animar a lhes servirmos de pais.
Que divina caridade, a de ajudar uma pobre criaturinha abandonada,
livrá-la da fome e do frio, orientar sua alma, para que ela não se perca
no vicio! Quem estende a mão a uma criança abandonada é agradável a
Deus, porque demonstra compreender e praticar a sua lei. Lembrai-vos
também de que, freqüentemente, a criança que agora socorreis vos foi
cara numa encarnação anterior, e se o pudésseis recordar, o que fazeis
já não seria caridade, mas o cumprimento de um dever. Assim, portanto,
meus amigos, todo sofredor é vosso irmão e tem direito à vossa caridade.
Não a essa caridade que magoa o coração, não a essa esmola que queima a
mão que a recebe, pois os vossos óbolos são freqüentemente muito
amargos! Quantas vezes eles seriam recusados, se a doença e a privação
não os esperassem no casebre! Daí com ternura, juntando ao benefício
material o mais precioso de todos: uma boa palavra, uma carícia, um
sorriso amigo. Evitai esse ar protetoral, que resolve a lâmina no
coração que sangra, e pensai que, ao fazer o bem, trabalhais para vós e
para os vossos.
UM ESPÍRITO PROTETOR
Paris, 1860
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